Banda de Santiago de Riba Ul toca e promove música há 300 anos

 

Caminha a passos largos para comemorar 300 anos de existência, é reconhecida como a filarmónica mais antiga do país em atividade e tem muitos mais anos pela frente. Orgulha-se do passado que construiu, recebeu várias condecorações e homenagens pelo seu valor artístico e patrimonial. Em Dezembro de 2017 alcançou o terceiro lugar no Concurso Internacional de Bandas CIB Filarmonia Douro. Ana Júlia Pinto, presidente da Direção, explica, em entrevista, o trajeto, as dificuldades e o futuro da Banda de Música de Santiago de Riba Ul, fundada em 1722.

Ser a banda mais antiga do país em atividade traz responsabilidades acrescidas?
Claro que sim. Temos de a preservar para não a deixarmos cair no esquecimento da população e tentar melhorar em termos de qualidade. Somos uma banda muito antiga e a provar essa antiguidade existe uma partitura, protegida, que foi escrita para a Dona Carlota Joaquina. São documentos importantes para a banda. Temos que ter todo o cuidado com esses documentos porque são eles que comprovam a sua antiguidade. Além da partitura não há mais documentos, apenas uma transcrição nos arquivos da Câmara a referir que em 1847 já existia uma banda (a nossa) na freguesia. Somos, portanto, uma filarmónica a caminho dos 300 anos.

Qual tem sido o percurso da Banda de Música de Santiago de Riba Ul?
Não tem sido fácil o percurso. Todos os instrumentos são muito caros e os apoios são poucos. Atualmente estamos a ter mais apoio da Câmara do que tínhamos anteriormente. Estamos a receber mais por aluno para a formação. Uma das nossas preocupações principais é o dinheiro e a falta de apoio. Estamos rodeados de empresas e já cansados de bater à porta, de enviar emails e fazer telefonemas e não sermos ouvidos. Apesar de tudo temos o apoio dos sócios.

Há dificuldade em captar jovens para a banda?
Neste momento temos falta de músicos. Contactamos muitas vezes a Academia de Música porque, com o ensino articulado, há muitos jovens a frequentar o ensino de música. Temos muita necessidade de encontrar mais pessoas para a nossa escola. Vamos formando os nossos alunos, não só como músicos mas também como homens e mulheres. Demora algum tempo formar um músico para integrar a banda. Neste momento temos já formação a partir dos três anos.

As bandas filarmónicas têm futuro?
Há futuro para as bandas filarmónicas e o futuro da nossa banda passa, obviamente, pela escola de música. Por vezes os jovens que formamos ficam por cá, outras vezes abre-se portas para ingressarem noutras bandas ou seguirem mesmo a vida de músicos.

Alguma vez a vossa atuação foi premiada?
Destaco as nossas participações em festivais em Braga e em Santa Maria da Feira onde conquistámos o terceiro lugar no Concurso Internacional de Bandas CIB Filarmonia Douro no qual participaram muitas bandas de Espanha.

Que importância tem o encontro municipal de bandas?
O encontro municipal de bandas é bom para a Banda de Música de Santiago de Riba Ul e para o concelho. Tudo isto é divulgado nas redes sociais, somos vistos, somos falados e por isso acho que é muito importante. É muito saudável o próprio convívio que se estabelece entre os músicos das seis bandas presentes.

Como é que se mantém uma banda com cerca de 300 anos?
É o amor á camisola e a dedicação. Dedicamos muito tempo à filarmónica, abdicamos da nossa família, da nossa casa e entregamo-nos de corpo e alma a isto. Fins-de-semana a percorrer o país de norte a sul, a procurar festas, a falar com comissões de festas, tudo isso absorve tempo e dedicação. Não somo remunerados, por isso mesmo é o amor à camisola.

À MARGEM

Banda citada nos anais do município


É considerada a banda mais antiga do país em exercício. A ser 1722, como se presume, o ano da 
sua fundação, a Banda de Música de Santiago de Riba Ul comemorará três séculos de existência daqui a três anos. Os arquivos de 1847 do município de Oliveira de Azeméis faziam uma referência à freguesia destacando a existência da banda. 

Referem os arquivos: “Existe n’esta frequezia uma antiga filarmónica e orchestra muito conhecida n’esta região e até em pontos distantes d’ella. Consta que já existia no século XVIII. O distincto compositor portuense Francisco Eduardo, que por vezes aqui veio, acompanhado de Manoel de Souza Carqueja, seu dedicado amigo, deixou-lhe algumas composições originaes”.

Ordem de Mérito atribuída pelo Presidente da República

Além de ter ganho o terceiro prémio na IV edição do Concurso Internacional de bandas CIB Filarmonia Douro, em 2017, a banda de Música de Santiago de Riba Ul tem visto reconhecido o seu percurso e trabalho artístico.
A mais alta distinção recebida na sua história foi em 1998 com a atribuição do título de membro-honorário da Ordem de Mérito pelo Presidente da República de então por ser a banda mais antiga do país em atividade. Uma distinção que honra todos os dirigentes e executantes que, ao longo de três séculos, passaram pela filarmónica.
Também a Câmara de Oliveira de Azeméis agraciou esta instituição, primeiro com a atribuição do nome da banda a uma rua da freguesia e, mais tarde, com a Medalha de Mérito Municipal. 

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