Banda de Carregosa em renovação adquire novo fardamento

 

O trabalho desenvolvido tem sido reconhecido meritoriamente pela população que apoia, sem reserva, a Banda de Música de Carregosa. A nova direção revela amor à camisola, gosto pela instituição e pelo que faz. Estes são, aliás, os ingredientes pelo processo de mudança que os atuais dirigentes estão a imprimir à instituição desde que tomaram posse em 2017. “Pode dizer-se que isto funciona como uma família”, diz Marlene Soares, presidente da Direção. Desta coletividade têm saído excelentes executantes para diversas bandas civis, militares e várias orquestras de renome nacional e internacional fruto do trabalho realizado pela escola de música. 

Uma vida de 130 anos sem interrupções. Como está a ser conduzida a Banda de Música?
Somos uma direção jovem que decidiu introduzir mudanças na associação. Temos vindo a fazer um trabalho que tem sido muito reconhecido pela população e a prova disso é que vamos ter um novo fardamento este ano que foi custeado totalmente pela comunidade carregosense onde se insere os membros da banda. Sem o apoio da comunidade uma associação como a nossa banda não será autosuficiente, não tendo capacidade de gerar os rendimentos necessários para fazer face às despesas. O investimento no novo fardamento não teria sido possível sem a ajuda de todos os carregosenses. Temos tido um apoio muito grande por parte da população.

Como se mantém viva uma instituição destas ao fim de tanto tempo?
A receita para isso é muito amor à camisola, gostarmos da instituição e daquilo que fazemos. O esforço que cada um de nós dá, o tempo que retiramos das nossas vidas privadas para nos dedicarmos a esta causa e o reconhecimento que fazem do nosso trabalho é o que mantém esta instituição ativa tantos anos. Nestes percursos há fases mais complicadas e outras fases menos difíceis mas com trabalho todas as dificuldades se ultrapassam.

São muitas as dificuldades?
As nossas principais preocupações são, efetivamente, substituir os músicos que vão saindo. Temos vindo a sentir essa dificuldade, não conseguimos que a escola de música produza, ao mesmo ritmo, a quantidade de músicos para as necessidades que a banda tem.

É complexo captar jovens para a banda?
Temos essa dificuldade. Divulgamos o nosso trabalho junto das escolas, já estivemos na escola de Carregosa, também em Escariz e temos contactos e uma ligação estreita com as academias de música de Oliveira de Azeméis, Arouca e Vale de Cambra. No entanto, o ensino articulado, ao permitir que as crianças aprendam um instrumento, fez com que as bandas saíssem prejudicadas ao nível das escolas de música.

Há hoje um novo paradigma de encarar as bandas em relação ao passado?
Nota-se uma alteração do paradigma. No passado tínhamos os nossos pais a consciencializar-nos que tínhamos que ir aos ensaios. Atualmente isso já não é muito evidente até porque hoje existe muita oferta de atividades para as crianças e estas têm mais oportunidade de escolherem o que querem. Não existe o incutir daquela obrigação e da responsabilidade que foi assumida. Por exemplo, uma criança se hoje em dia tiver que faltar aos ensaios porque tem um aniversário ou porque vai passar férias com os pais faz isso sem problema, coisa que não acontecia há duas ou três décadas.

A escola de música é o futuro e o pilar da banda?
As escolas de música das bandas são uma oportunidade para os músicos. Tivemos na nossa banda um músico, o André Melo, que neste momento está a tocar em Berlim. Depois de ter feito o percurso na nossa banda, o jovem músico frequentou a escola profissional de Espinho e foi estudar para Amesterdão, na Holanda. As escolas de música das bandas têm uma característica muito própria: praticam um ensino muito próximo e, além de formar músicos, formam homens e mulheres. As crianças e jovens que frequentam a escola aprendem a lidar uns com os outros, apreendem regras e o que é o espírito de sacrifício quando se tem de fazer procissões de muitas horas ou ensaiar até tarde e logo de manhã, no dia seguinte, estar de novo na escola. Pode dizer-se que isto funciona como uma família, acabamos por criar aqui muitos laços. Uma escola de música é muito enriquecedora, tanto para crianças como para os adultos.



As bandas filarmónicas têm futuro assegurado?
Tem de haver futuro para as bandas filarmónicas porque estas fazem parte da identidade cultural do nosso país. É importante que se mantenha essa identidade porque as bandas estão, muitas vezes, na base do nascimento de grandes músicos. Trata-se de um ensino muito personalizado, um ensino de conhecimento, de envolvência e de incutir um espírito associativo.

Que importância tem para a banda de Carregosa o encontro municipal de bandas?
É uma iniciativa muito positiva e importante que permite às seis bandas do concelho estarem juntas uma vez por ano partilhando o trabalho desenvolvido. É raro encontrarmo-nos nas romarias do país e, por isso, esse evento é o momento em que as seis bandas se encontram e partilham algo entre elas. 

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