Livro narra os 120 anos da Banda de Música de Loureiro

Trabalho e paixão. Esta é a receita para manter viva a Banda de Música de Loureiro quando esta se prepara para comemorar 120 anos de vida. É um longo percurso, ininterrupto e cheio de histórias que estão a ser condensadas num livro sobre a história desta centenária instituição que deverá ser lançado no próximo mês de junho aquando das comemorações de mais um aniversário. “Temos músicos que andam aqui há 44 anos e isso reflete a paixão que há por esta banda” afirma o presidente da Direção, Manuel Terra. Esta é a primeira entrevista às seis bandas do concelho de Oliveira de Azeméis às quais a Câmara de Oliveira de Azeméis decidiu associar a imagem deste ano do Mercado à Moda Antiga.


Tem sido fácil o percurso até hoje?
Os percursos das bandas de música nunca são fáceis. Há sempre altos e baixos mas temos a particularidade de termos tido um percurso ininterrupto, ou seja, desde 1899 que nunca parámos a atividade. As dificuldades foram sempre algumas mas não podemos considerar que algum momento difícil tenha indiciado que a banda pudesse terminar. Dos momentos bons destaco as internacionalizações nos Estados Unidos da América, Venezuela e Espanha.

Quando é que tudo começou?
Presume-se que a constituição da banda tenha ocorrido em 1899 embora a data de escritura seja 13 de junho de 1901. A banda já se encontrava em atividade quando foi decidida a sua criação. Uma das direções decidiu que a data de fundação efetiva da banda seria 1899 tendo em conta o relato de músicos mais antigos e de pessoas que deram testemunhos para aquilo que será o livro da história da banda.

O que é que faz perdurar tanto tempo uma banda como esta?

A receita é o trabalho e muita paixão, quer por quem dirige, quer por quem suporta temperaturas de 40 graus em pleno verão. É o amor à camisola. A filarmonia acaba por ser uma paixão. Temos músicos que andam aqui há 44 anos e isso reflete a paixão pela banda. As pessoas aqui não ganham dinheiro mas acabamos por dar algo aos músicos por uma questão de respeito e para fazer face a algumas despesas que eles têm com as saídas.

A escola de música tem uma importância fundamental?
A escola de música é, acima de tudo, o garante do futuro da banda. É lá que se formam crianças para que ela tenha continuidade e colmate a saída de músicos. É evidente que manter uma escola de música como a nossa, que tem cerca de 80 alunos, não é fácil. Isso requer dinheiro e ele não abunda. Com a escola de música deixou de ser um problema para nós conseguir recrutar jovens para a banda. O problema é preservar a própria escola de forma a fornecer elementos para substituir quem vai saindo.

A Banda de Loureiro também forma homens e mulheres…
Sim. Quer a banda, quer a escola de música fornecem a quem a frequenta valores importantes como os da organização, do respeito e do companheirismo. Há um rigor que é transmitido aos mais novos que os ajuda muito na sua formação futura.

A vossa instituição sente-se apoiada e acarinhada?
A banda sente-se apoiada. Não temos empresas na freguesia que a olhem de forma a suportá-la financeiramente. Vejo hoje a câmara municipal a ter uma postura diferente, existindo um maior respeito. O subsídio à formação subiu nos últimos dois anos o que reflete alguma sensibilidade pelo trabalho das escolas de música.

Que importância tem o encontro municipal de bandas filarmónicas?
Durante vários anos as bandas do concelho andaram de costas voltadas e acho que o encontro municipal veio trazer alguma união entre elas. Precisamos que o município olhe para esse evento na perspetiva de unir as bandas mas também projetar o concelho para o exterior. Projetar o encontro é promover o concelho e, automaticamente, projetar as bandas.

Há futuro para as bandas?
Há futuro e nós trabalhamos para que esse futuro aconteça.

Mas elas não têm de se reinventar face à realidade de hoje?
As bandas de música nasceram para fazer face às romarias que se faziam pelo país, algumas das quais estão em declínio, outras em vias de extinção. As bandas têm de se reinventar até por uma questão de motivação dos músicos. Fazemos concertos temáticos, com orfeões e outras bandas e tocamos reportório em concerto mais refinado de autores de música clássica. Temos de fazer isto para motivar também, de alguma forma, os músicos que têm formação e sentem que uma romaria não é o local para se tocar, por exemplo, uma sinfonia nº5.

O que retrata o livro que vai ser publicado?

O livro deve sair a 13 de junho, na data de constituição pública da banda e coincidindo com as festas de Loureiro. Há histórias curiosas que são relatadas no livro e nelas vê-se o que é realmente o amor à filarmonia. As pessoas viviam a banda como uma diversão e a filarmonia era a única forma das pessoas saírem de casa e de terem uma ocupação.

Quais os projetos para o futuro?
Uma nova sede para a banda foi o sonho de todas as direções. Sem financiamento não será possível avançarmos com esse projeto e esperemos que haja uma candidatura à qual possamos concorrer. 

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