Banda de Música do Pinheiro da Bemposta quer conquistar “novos mercados”

 

É uma das “pérolas da coroa” da União de Freguesias do Pinheiro da Bemposta, Travanca e Palmaz, demonstra em palco a qualidade dos seus músicos e tem projetos para divulgar, já em 2020, a música além-fronteiras, como o fez no passado. Possui ainda um pequeno museu, o que a distingue das outras bandas do país na forma de preservar o seu património. José Rodrigues, presidente da Direção da Banda Sociedade Harmonia Pinheirense, dá a conhecer esta centenária instituição.

Quais os momentos marcantes no longo historial desta banda?

Desde que foi criada em 13 de novembro de 1881, a banda não teve qualquer interrupção na sua atividade trabalhando, desde sempre, na divulgação da música, da freguesia e do concelho de Oliveira de Azeméis. Temos uma história longa, acompanhada de algumas peripécias. Recordamos com muita satisfação a nossa deslocação, em 1989, ao Brasil onde, durante 15 dias, divulgámos a nossa música. Outro momento relevante foi, em 1981, a substituição de todo o instrumental. Isso foi importante tendo os instrumentos mais antigos sido “doados” à escola de música.

A questão financeira é uma das preocupações?
Sim, é a principal preocupação. Nós praticamente dependemos de nós próprios. Os custos são elevados e se não fosse, muitas vezes, os donativos dos nossos amigos, sócios e beneméritos não teríamos grande possibilidade de mantermos o rumo que traçámos. A nível de outro tipo de apoios eles são, extremamente, escassos.

Mas a freguesia está ao lado da banda…
Sim, é muito acarinhada porque ela é considerada uma das pérolas da coroa da nossa união de freguesias e sempre que a banda patrocina algum evento as pessoas participam massivamente.

As ofertas disponíveis hoje para os jovens interfere com a escola de música?
Além de formar rapazes e raparigas, a escola é fundamental porque tem um papel importante para a manutenção do corpo musical da banda. Todos os anos há admissão de novos elementos que são fruto do trabalho da escola de música que este ano é frequentada por 108 alunos, incluindo a classe de adultos criada há poucos anos. Há alguma dificuldade em captar jovens porque os tempos evoluíram existindo hoje mais ofertas para os jovens.

Essa dificuldade tem a ver com o facto das bandas já não serem uma forma de ocupar o tempo como eram antigamente?
No passado a banda de música era, efetivamente, um escape e as pessoas vinham aos ensaios porque não havia outra forma de ocuparem os tempos livres e divertirem-se. Hoje não é assim, há festivais de música rock durante o verão, precisamente na altura em que temos mais saídas e, por vezes, é preciso fazer um grande esforço para termos em palco o número de elementos que nos permita representar condignamente a nossa instituição. As nossas participações têm de ter sempre qualidade porque temos de honrar o facto do concelho de Oliveira de Azeméis possuir seis filarmónicas de alto gabarito.

As bandas filarmónicas têm futuro assegurado?
Apesar das dificuldades que sentem, há futuro para as bandas mas temos de nos adaptar aos gostos das pessoas. Hoje não é normal uma assistência que se fique apenas pelos clássicos. Temos de estar atualizados, no fundo, reinventarmo-nos na forma de atuarmos.

Como se mantém uma banda viva com mais de 100 anos?
A receita é simples: boa vontade porque estamos aqui voluntariamente dado que cada um de nós tem a sua atividade profissional. Não vamos baixar os braços. O entrosamento entre nós, direção, músicos, maestro e pais dos alunos é muito positivo, são laços de amizade que se vão cimentando ao longo dos anos e que funcionam bem.

É importante o encontro municipal de bandas de Oliveira de Azeméis?
O encontro é extremamente importante porque não é em todos os concelhos que existem seis bandas filarmónicas. Isso é um orgulho para nós e por isso as valências das nossas bandas devem ser devidamente divulgadas.

Que projetos tem a banda para o futuro?
Os projetos são muitos. Está na altura de substituirmos o instrumental uma vez que esta vertente tem a ver com o próprio desempenho da banda de música. Pretendemos também conquistar novos mercados onde possamos atuar e divulgar a nossa cultura, além-fronteiras. Temos programada uma deslocação às ilhas dos Açores em 2020 e queremos efetuar algumas parcerias para que aconteça algo similar como aconteceu há dois anos quando acompanhámos, em palco, os GNR no concerto de encerramento do Mercado à Moda Antiga.

Não é muito comum uma banda ter um museu próprio. Que património está exposto?
O museu foi criado há pouco tempo aquando da requalificação do edifício-sede. Estão expostos troféus que temos vindo a conquistar, as mais variadas lembranças, documentos que atestam a nossa participação e o reconhecimento dessas participações por todo o país, ao Brasil e à vila francesa de Sourzac. Juntámos um conjunto de peças que resolvemos classificar e que estão expostas, nomeadamente partituras muito antigas. Temos partituras de 1874.

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