Filarmónica Cucujanense promove a vocação musical


Uma das bandas mais jovens do concelho de Oliveira de Azeméis, a Sociedade Filarmónica Cucujanense orgulha-se de contribuir para que muitos jovens descubram a sua vocação musical. Além de lançar músicos, a associação preocupa-se com a formação das crianças e jovens face às mudanças da sociedade que se fecha cada vez mais sobre o ecrã dos telemóveis ou dos computadores. Quem o diz é Martinho Gomes, diretor da banda, sobre o papel que as filarmónicas podem ter na ocupação dos tempos livres dos jovens.

Depois de um interregno de décadas como surgiu a Sociedade Filarmónica Cucujanenese?
A banda iniciou a sua atividade em dois de janeiro de 1891 tendo ficado inativa há mais de três décadas depois da morte do maestro. Depois de um interregno de 33 anos alguns cucujanenses, incluindo eu, voltaram a dar vida ao projeto reativando a filarmónica em 2000.

Que razões estiveram na base dessa reativação?

Porque só algumas crianças tinham acesso à Academia de Música decidimos criar uma escola de música dando a todas elas o direito a frequentarem esse tipo de ensino. Foi assim que começámos com o objetivo de dar educação e cultura às nossas crianças e passados 20 anos cá estamos sem imaginar que esse processo iria acabar na existência daquela que é hoje a Sociedade Filarmónica Cucujanense. Já passaram por aqui muitas crianças e o nosso objetivo é criar um ambiente para termos aqui alunos felizes, indicando-lhes caminhos para a vida.

Até chegarem aqui o percurso foi difícil?
Não foi fácil. Por exemplo, na altura não fazíamos ideia nenhuma do custo dos instrumentos de sopro. Para os adquirirmos era preciso muito dinheiro e não o tínhamos. Tivemos também o azar de atravessar uma crise que não ajudou em nada mas sentimo-nos felizes hoje por dar o pouco que temos a estes jovens com idades entre os 11 e os 34 anos.

Como se posiciona esta filarmónica perante uma sociedade em constante mudança?
Nós apercebemo-nos dessa mudança. Antigamente as ocupações dos jovens eram outras. O futebol, as coletividades e o teatro, por exemplo, envolviam muitos jovens. Os pais também se envolviam mas atualmente envolvem-se pouco. A sociedade atual está a criar crianças e jovens fechados sobre si, agarrados ao telemóvel ou ao computador. Fazemos um esforço enorme para que os pais acompanhem os filhos, para que estejam presentes, mas cada vez mais é difícil conseguir esse acompanhamento. 

Esta direção sente-se orgulhosa em formar homens e mulheres para a vida?
A nossa preocupação é, acima de tudo, formar homens e mulheres. Aqui eles aprendem regras e princípios que são fundamentais para a vida, daí a importância da banda na sua formação. Uma criança sabe que tem de tocar na hora dela esperando que o colega do lado toque no momento que a antecede ou procede. Quando o maestro manda parar eles sabem que têm de parar, ou seja, é-lhes incutidos princípios que lhes vão ser muito importantes para o futuro. Eu costumo dizer que uma criança que saiba estar na música é uma criança diferente.

Também aqui há dificuldade em captar jovens?
Há dificuldade porque, cada vez mais, os pais insistem menos com os filhos. O facto de eles frequentarem a escola faz com que a vida dos pais não seja fácil e a diferença está aqui. A questão que se coloca é esta: como é que hoje um pai pensa desempenhar o seu papel? Se vai dedicar-se ao filho e trabalhar na formação dele levando-o ao desporto ou à cultura ou se não faz isso e não o incentiva. São formas de estar na vida mas a verdade é que a sociedade está cada vez mais fechada sobre o ecrã do computador, da televisão ou do tablet. A sociedade está em mudança mas prosseguimos no nosso caminho transmitindo valores. É uma alegria para nós a quantidade de jovens que por cá passam e os que ganham o vício da música.

As filarmónicas têm futuro?
Há futuro para elas  mas isso depende muito da forma como a sociedade está a evoluir. Faço um apelo aos professores das academias e dos conservatórios para que contribuam para uma aproximação dos jovens às bandas. A presença dos mais novos nas filarmónicas é muito importante para todas as partes. O nosso futuro passa, sem dúvida, pela escola de música. Uma coisa que nos alegra muito é contribuirmos para que muitos jovens tenham descoberto a vocação da música.

É importante para a Filarmónica Cucujanense o encontro municipal de bandas?
Sem dúvida que sim, é importante para os jovens se conhecerem e ficarem a saber que no concelho de Oliveira de Azeméis existem mais de 400 músicos. O encontro permite um intercâmbio sendo também importante para que o próprio concelho se lembre das suas seis bandas e os músicos sintam orgulho de ostentar a farda.

O que aponta o futuro?
O nosso futuro é darmos um passo de cada vez, prosseguir o que temos vindo a fazer. Quem sabe a cultura venha a ter mais fundos e possamos dispor de instrumentos que todos sonhamos. Quanto a projetos eles são continuar de cabeça erguida como até aqui e, se possível, termos mais crianças na escola de música e na banda. Não queremos estar só em festas mas essencialmente lançar músicos para enfrentar o público. E temos de manter outro reportório para além das músicas eruditas, despertando o gosto e o interesse das camadas mais jovens.

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